Quando eu era mais novo, meu pai, um ávido leitor de qualquer coisa mas principalmente de livros de ficção científica, dizia “Quer entender como será o futuro? Leia os livros de ficção do passado”. Ele estava falando de clássicos do Asimov, Heinlein, Philip K. Dick e Gibson e dizia que nas páginas de seus livros, estava o futuro da humanidade.
Se eu te falar que a responsável por nós irmos para o espaço foi uma revista do Flash Gordon, você acreditaria?
E que muito antes do filme Matrix existir, William Gibson, já havia criado todo um universo, e porque não dizer, metaverso, onde pessoas podiam entrar na rede e navegar com suas representações de seus corpos… seus avatares.
Poderíamos citar também o famoso “jogo” Second Life, um mundo virtual onde pessoas e empresas viviam em comunidades, vendiam propriedades – Quem se lembra da Tecnisa vendendo apartamentos virtuais? – e assitiam palestras sobre energia como a promovida pela Petrobrás.
Mas não precisamos ir muito longe para entender o conceito, em 2011, Ernest Cline lançaria o seu primeiro best-seller: Ready Player 1, traduzido aqui no Brasil como Jogador no 1.. A história se passa no ano de 2045, o mundo passa por uma grande crise energética, destruição e pobreza são os cenários mais comuns (qualquer similaridade com a realidade é mera coincidência) e a única saída da população mundial é o OASIS, uma realidade virtual onde a maioria das pessoas passa grande parte do seu tempo navegando com seus avatares. No OASIS as pessoas estudam, trabalham, jogam e interagem umas com as outras, assim elas economizam combustível, evitam ficar muito tempo em contato com a poluição e tem mais acesso a cultura e informações.
Isso que é um metaverso e essa é a proposta ousada, porém nem tão longe da realidade, do Facebook.
O que é o Metaverso do Facebook e como vai funcionar?
Recentemente, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou que a sua companhia mudaria de nome para Meta Platforms Inc. ou para encurtar Meta e que pretendem investir em experiências interconectadas em um mundo que será conhecido como Metaverso.
A ideia de Zuckerberg é trazer a internet à vida, um ambiente virtual que você pode literalmente entrar nele, ao invés de apenas olhar para a tela de um dispositivo. Essencialmente, é um mundo de infinitas comunidades virtuais interconectadas, onde as pessoas podem se conhecer, trabalhar, jogar, tudo isso usando óculos e headsets de realidade virtuais, óculos de realidade aumentada, aplicativos de celular e outros dispositivos.
O Metaverso também irá incorporar outros aspectos da vida online, como compras e social media, sendo assim a próxima evolução de conectividade em um universo clone do nosso, só que virtual.
O que eu serei capaz de fazer no Metaverso?
Imagino que muitos de vocês tenham perdido viagens durante a pandemia, ficaram com saudades de ir a shows e com certeza pensaram que não era a mesma coisa ver o seu artista favorito fazendo uma live.
Apesar dos números astronômicos de experiências online que tivemos, falta ainda proximidade, são experiências frias.
Agora imagine entrar em um ambiente imersivo virtualmente e assistir a um show, visitar aquele país que tanto sonhou e até mesmo vestir e testar se aquela calça te serve mesmo, antes de comprá-la.
Melhor ainda, ao invés de ver os seus companheiros de trabalho por um monte de telinhas quadradas durante as calls, você visitar a sede da sua empresa virtualmente, sentar na sua mesa, ver os avatares de seus companheiros ao seu lado, ter reuniões de “pé” e poder até ter a famosa pausa para o café?
“Muita da experiência do metaverso será em se transportar de uma experiência a outra”, diz Zuckerberg.
E se você tiver proximidade com crianças e jovens, pensem como foi durante a pandemia, os meus aqui em casa, depois do home-schooling, ficavam o dia inteiro conectados com os seus amigos através do videogame, eles faziam lição juntos, estudavam, conversavam, acompanhavam todas as atividades do outro, até mesmo quando esse outro não estava jogando com eles.
Teria sido muito mais fácil se existisse um ambiente virtual da escola, onde poderiam ter uma experiência mais próxima da realidade em que viviam antes.
E façam um teste, pergunte a eles se jogam Fortnite e o que eles costumam fazer neste jogo. Com certeza eles dirão que vão ao jogo para encontrar os amigos, ver shows, filmes, conversar… mas não é só um jogo? Não apenas, o Fortnite, assim como muitos outros jogos, são uma experiência completa.
E quais são as oportunidades de negócios que esta nova onda me traz?
Infinitas. Eu citei apenas alguns exemplos do que um mundo totalmente virtual pode nos proporcionar. Mas se você sair da sua cadeira profissional e começar a enxergar o mundo com os olhos de um consumidor vai perceber muitas outras, pois tudo, ou quase tudo o que fazemos no mundo real poderá ser feito no virtual, o limite é a criatividade.
Recentemente, a marca italiana Gucci vendeu uma carteira virtual no game Roblox. O jogador a comprou por um valor de US$ 4.115, sendo que este mesmo produto real era vendido por US$ 2.400 na loja física.
Visitas virtuais, testes de produtos, pesquisas, venda de produtos virtuais que chegam em sua versão física na casa do consumidor. A mesma coisa vale para serviços, uma empresa poderia vender uma viagem de avião ou um tour pelo Pantanal, com direito até a monitores de entretenimento à bordo.
A grande dificuldade está em entender o que vai acontecer e como funcionam as interconexões, para conseguir sempre se contextualizar, isso principalmente nas oportunidades de anúncios Virtual Out Of Home que irão aparecer, afinal, se estamos falando de um mundo virtual, com certeza veremos outdoors, cartazes, videos e experiências que podem impactar o seu consumidor, mas que assim como na vida real e na digital como conhecemos hoje, precisa ter a mensagem certa para a pessoa certa, tudo isso dentro de um contexto criativo e o mais assertivo possível.